sábado, 20 de setembro de 2008

Sophie Calle: território íntimo


Registro do projeto "Où et Quand' (2008), em que Calle viajou seguindo instruções de vidente; esta lhe pediu que comprasse flores para soldados mortos

Os trabalhos da fotógrafa e artista Sophie Calle unem biografia, ficção e voyeurismo. Em outubro, dentro das programações do Pipoca e Fotografia, o Projeto Contato vai mostrar um de seus filmes, No sex last night.

O texto a seguir foi publicado na Folha S.P. de hoje.

"Minha vida é só o ponto de partida"

Ato de registrar morte da mãe ou de organizar leitura de carta de rompimento amoroso é fazer "boa obra de arte", diz Calle

Instalação em que outras mulheres interpretam fim de romance chega ao Brasil em 2009; obra antiga estará na 28ª Bienal de São Paulo


GABRIELA LONGMAN
COLABORAÇÃO PARA FOLHA, EM PARIS

Em 2005, Sophie Calle recebeu uma carta de rompimento amoroso. "Cuide-se bem", dizia o texto, ao fim. Sem saber o que fazer com o papel e com a dor que sentia, entregou a carta a 107 mulheres de variadas idades e profissões para que buscassem interpretações. Fotografou-as, filmou-as, e o resultado é "Prenez Soin de Vous" (cuide-se bem), enorme instalação em multimídia que a artista francesa concebeu para a Bienal de Veneza de 2007, exibiu em Paris no início deste ano e leva a três cidades brasileiras no ano que vem, em sua primeira visita ao país -Calle ainda estuda a possibilidade de participar da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty). Nome de peso da arte conceitual francesa, Calle especializou-se em investigar e expor traços da intimidade -sua ou alheia -numa combinação de biografia, ficção e voyeurismo. "La Filature" (perseguição), um de seus projetos mais antigos, de 1981, será exibido na 28ª Bienal de SP, em outubro. Poucos dias após apresentar novo trabalho na galeria Emmanuel Perrotin, a artista recebeu a reportagem da
Folha em sua casa, em Malakoff, subúrbio ao sul de Paris. Entre beliscar um salame e acariciar o gato, falou sobre particularidades do seu trabalho e a decisão de filmar a morte de sua mãe.

FOLHA - Como será a sua primeira passagem pelo Brasil?
SOPHIE CALLE
- De repente, eu me vi envolvida em muitos projetos. "Prenez Soin de Vous" vai passar por três museus: em São Paulo, no Sesc Pompéia, do fim de julho ao fim de setembro de 2009; em Salvador, de outubro a novembro; e no Rio, de dezembro a janeiro de 2010. Irei para essa montagem. Além disso, há uma exposição coletiva no Oi Futuro, no Rio, e tenho convites para o Videobrasil e para um evento literário em... Pa-rat-y? Mas esse ainda não sei se poderei aceitar, vai depender das datas. Não posso passar quatro meses no Brasil...

FOLHA - Mas, antes de tudo isso, o seu nome é um dos principais da 28ª Bienal de São Paulo...
CALLE
- Quanto à Bienal, não houve muito o que decidir. Pegaram um projeto antigo ["La Filature", 1981], ligaram sabendo bem o que queriam. Como é um empréstimo de obra, os trâmites foram feitos pela galeria, não me ocupei disso.

FOLHA - Você tem uma metodologia recorrente: cria um jogo com regras definidas. Como isso começou?
CALLE
- Para dizer a verdade, estava perdida em Paris, no fim dos anos 70. Passei anos viajando e, ao voltar, não sabia o que fazer da vida, não tinha amigos nem emprego... Comecei a seguir pessoas na rua e a fazer fotos para me lembrar delas. Comecei a tomar notas para registrar aonde iam, criando uma ficha, como as de polícia. Foi um meio de reencontrar minha cidade. As regras do jogo estão na minha natureza. Quando era pequena, ia ao cemitério, fazia cerimônias de enterro para meus bichos de estimação. Sempre adorei rituais.

FOLHA - Seus projetos costumam juntar texto e imagem. A foto nasce baseada em texto ou é o contrário?
CALLE
- No caso de um trabalho como "Unfinished" [inacabado], vi as imagens antes e não soube o que fazer com elas. Procurei o texto por 15 anos. Mas nunca me senti 100% à vontade só com um ou outro. Quando seguia pessoas na rua, a necessidade de produzir imagens me obrigava a chegar mais perto e, com isso, ter mais material para texto. As coisas estão intrincadas. Mas, em geral, encontro a idéia primeiro -enviar algo a alguém, instalar-me em tal endereço, idéias simples-, o resto vem depois.

FOLHA - Seus trabalhos costumam ter boas doses autobiográficas. Como separa ficção e realidade?
CALLE
- Não quero só expor minhas dores e sofrimentos. Minha vida é o ponto de partida, mas o que me interessa é fazer uma boa obra de arte, um livro bem escrito, o que seja. Com "Prenez Soin de Vous", vi logo o que isso podia me trazer em termos terapêuticos, mas, após alguns dias, estava mais preocupada em saber se o resultado ficaria bem na parede. Se for pela terapia, outras coisas funcionam igual: viajar, comprar um vestido, ir ao cabeleireiro...

FOLHA - Você há pouco tempo registrou em vídeo a morte de sua mãe. Foi uma decisão artística?
CALLE
- Minha mãe era vaidosa e extravagante, adorava estar no centro. Os médicos lhe deram um mês de vida. Eu gostaria de estar lá quando ela morresse, escutar suas últimas palavras. E, embora tenha me mudado para a casa dela, não podia estar ali o tempo inteiro. Precisava dormir, fazer comida... Num dado momento, disse a ela que colocaria uma câmera. Em vez de contar os dias que faltavam para a morte dela, passei a contar de forma obsessiva os minutos que faltavam para trocar a fita, desloquei a angústia. Quando ela morreu, eu estava efetivamente presente, vi seu sorriso. Quanto ao material, até agora não tive coragem de me debruçar sobre a filmagem. Tenho 612 horas.

FOLHA - Mas como isso foi parar na Bienal de Veneza?
CALLE
- Publiquei um texto em todos os jornais para anunciar sua morte. Robert Storr [curador] me propôs expor esse texto e as imagens em vídeo na Bienal. Eu disse: "Sinto muito. Gostaria de fazer algo sobre a morte da minha mãe, mas não estou pronta". Ele insistiu. Justamente por não ser capaz de assistir aos filmes, só vi um, o último. O projeto saiu assim, com esse texto e com minha incapacidade de ver os outros filmes. Foi uma homenagem... Se ela tivesse morrido com convulsões, eu nunca mostraria, mas ela morreu magnífica. Levá-la a Veneza deixou muita gente horrorizada. Recebi cartas com insultos, mas a maior parte dessas pessoas nem sequer viu o trabalho.

FOLHA - Feitiços podem virar contra o feiticeiro. Você já foi seguida?
CALLE
- Uma estudante canadense recebeu uma bolsa para me seguir e depois publicou um livro. Mas ela se engana muito. Foi aos bairros de que gosto, fotografou a porta da minha casa, mas eu nunca estou nas fotos. Assim fica meio fácil.

FOLHA - Ouvi dizer que você prepara um projeto usando o que os jornalistas escrevem a seu respeito...
CALLE
- As entrevistas sempre dão margem a mal-entendidos. Volta e meia encontro erros ou frases fora de contexto. Às vezes, algo que nunca fiz é atribuído como projeto meu... Então, o que me interessa é um dia fazer tudo o que disseram que eu fiz. Agora, em vez de me irritar quando encontro um erro, esfrego as mãos e digo: "Ah ha!".

FOLHA - Então vou pensar em algo bem original...
CALLE
- Ok, mas publique o erro sem dizê-lo a ninguém (risos).


CALLE QUER VISITAR MOTÉIS NO BRASIL


Sophie Calle disse ter interesse pelos motéis brasileiros, já que não há nada similar em Paris. Ela estuda a idéia de visitar alguns quando chegar ao país. O plano dialoga com outros projetos dela, como quando trabalhou de arrumadeira em hotel, fotografando rastros dos hóspedes, e quando atravessou os EUA com o namorado, registrando com câmeras as frustrações da viagem.

CINCO PROJETOS

ANOS 80

"La Filature" (perseguição): A artista pede à mãe que contrate um detetive para segui-la. Depois, expõe o resultado da investigação: fotos dela e descrições de suas idas e vindas pelo detetive são expostos ao lado de notas que ela própria tomou no período.


"Le Carnet d'Adresses"
(agenda de endereços): Tendo achado uma agenda de telefones na rua, Calle encontra, uma por uma, as pessoas da agenda a fim de saber mais sobre seu proprietário.Uma descrição dos encontros sucessivos foi publicada no jornal francês "Libération", mas a exposição prevista nunca aconteceu, pois o proprietário da agenda não deu aval.

ANOS 90 "Gotham Handbook" (guia de Gotham): Em seu romance "Leviathan", Paul Auster se inspirou em alguns episódios da vida de Calle para criar a personagem Maria. Seguindo o caminho inverso, Calle tenta se parecer com Maria seguindo instruções e cláusulas que Auster lhe envia.

ANOS 00

"Évaluation Psychologique" (avaliação psicológica): Calle pede a Damien Hirst que lhe entreviste para o catálogo de sua exposição no Centre Pompidou. Ele envia um grande questionário psicológico para ser respondido por ela e por membros de sua família. A analise psiquiátrica desse questionário é publicada.

"Où et Quand?" (onde e quando?): Calle viaja seguindo conselhos (que trem pegar, para onde ir, o que fazer) de uma vidente. Os registros da experiência estão em exibição na Galerie Emmanuel Perrotin, em Paris.

Avôo de teco-teco


Mazaaah! :)


Eucalipto, eucalipto, eucalipto. Acácia, acácia, acácia...


A alavanquinha é o acelerador. Uhu!!!

Fotografias: Flávio Dutra

É como andar de carro em estrada esburacada, dizia o piloto. Sei...

sábado, 30 de agosto de 2008

Da série Livros de Fotografia (1)



Da Carta Capital, de alguma semana de agosto/2008 (dica do Mateus Bruxel)


Na Nova York dos anos 60, um ancião entrega ao recepcionista do Museu de Arte Moderna duas sacolas de compras cheias de fotografias. O curador do museu não reconhece o homem, mas a secretária lê no cartão de visita o nome do húngaro André Kertész. O curador está perplexo. Jura que o fotógrafo de rua morreu três décadas antes.

O artista, contudo, está vivo e infeliz àquela altura, e morrerá apenas aos 91 anos, em 1985. Por uma década e meia, até 1962, ele vivera sem que nenhuma proposta de exposição lhe fosse feita em terra americana, aquela onde ele escolhera permanecer, vindo da Paris dos anos 30. E isto era de estranhar, já que Kertész, naquele tempo ou em qualquer outro, fora um dos maiores nomes da história da fotografia.

O difícil é saber se a fotografia tem uma história. Arte recente, não foi sistematizada ainda, como a literatura, que se submete a períodos históricos e estilos estabelecidos por teóricos. Quem escreve sobre fotografia usualmente é um apaixonado que não fotografa, como o romancista inglês Geoff Dyer, autor de Instante Contínuo – Uma História Particular da Fotografia (Companhia das Letras, 294 págs., R$ 49).

Dyer fez neste livro um trabalho extenso como observador da arte. O ensaio é uma visão particularíssima de um desenrolar de fotos que o romancista, autor do premiado ensaio de 1991 But Beautiful, sobre o jazz, classifica de forma curiosa, segundo os elementos presentes em imagens que se tornaram clássicas: cercas, bancos, chapéus, cegos, mãos.

O escritor é docemente arbitrário em suas escolhas. Prefere o fotógrafo do mundo da moda e das celebridades Richard Avedon, por exemplo, àquele das estradas e drive-ins, Robert Frank. Em momentos como este, que se repetem no livro, fala como o biógrafo da bossa nova que descarta o acordeão em favor do violão. O fato é que Dyer tem muito a dizer sobre acordeões, especialmente aqueles tocados pelos cegos em sofrimento nos Estados Unidos pós-depressão. Os teclados são como máquinas de escrever, ocupadas em produzir o romance de um tempo ruim.

À moda do que o escritor argentino Jorge Luis Borges fez com os animais, estabelecendo uma categorização “chinesa” para eles, distinguindo, por exemplo, os que “se agitam feito loucos” dos “inumeráveis”, Dyer procura, em primeiro lugar, classificar as fotografias segundo a disposição e qualidade dos chapéus que pululam nas imagens do início do século. Os chapéus são elegantes, amassados ou servem de travesseiros para os pobres sem emprego que dormem na rua. Os chapéus fazem o homem.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Da Folha SP, de uns dias atrás (3, mais precisamente)


Lambe-lambe no morro, escolhido pelo francês após o assassinato de três jovens; o fotógrafo também ressalta que se trata da "primeira favela do Brasil" e que não possui "nenhum centro cultural'


Imagens de conflito

Fotógrafo francês J.R. fala à Folha sobre projeto que já passou pela África e agora estampa retratos de moradores em fachadas e muros do morro da Providência, no Rio

ADRIANA FERREIRA SILVA
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Nos últimos dias, o morro da Providência, no Rio, voltou a ser notícia. Mas agora a atenção da imprensa não se voltou para um caso de polícia, como o chocante episódio de junho: eram de lá os jovens entregues à morte por militares a traficantes de um morro vizinho.
No noticiário de agora, o tema são as fotos em preto-e-branco gigantescas que, de um dia para o outro, cobriram encostas e fachadas de casas ao longo do morro. De longe, olhos arregalados destacavam-se em expressões marcantes, encarando quem passava lá embaixo, na avenida Brasil. O autor das imagens, o fotógrafo francês J.R. (ele não revela o nome completo), fugiu dos pedidos de entrevista. Sobre ele, só quem soube foram os moradores do morro. Assim como chegou, foi-se. No seu último dia de trabalho na Providência, no sábado, J.R., enfim, falou à Folha: "As estrelas são os personagens que aparecem nas fotos, os que cederam suas casas. Se eu ficar aparecendo, dando depoimentos, o foco deixa de ser o trabalho." Heroínas O rapaz de 25 anos -que atualmente tem uma de suas fotos gigantes em exibição na parede externa da Tate Modern, em Londres (onde estão também os grafites dos brasileiros osgemeos), e cujas obras fazem parte de coleções como a do artista inglês Damien Hirst- incluiu o Brasil em "Women Are Heroes" (mulheres são heroínas), projeto que já passou por países como Sudão, Serra Leoa, Quênia e Libéria. Daqui, ele segue para Índia, Camboja, Laos e Marrocos. A idéia por trás do trabalho é simples: retratar personagens que moram em áreas de conflito destacadas pela mídia e tentar mostrar o outro lado. "A clássica imagem das mulheres africanas na imprensa é a de pessoas muito tristes, vivendo em extrema pobreza", descreve. "Quando vamos até lá, descobrimos que elas passam por tudo isso com extrema dignidade. A maioria dos homens morreu na guerra e elas estão à frente da comunidade, lutando por suas famílias." Sua intenção ao fotografá-las, e imprimir os rostos em lambe-lambes de grandes dimensões, é desconstruir esse estereótipo. Esse mote é o mesmo de dois projetos anteriores. O objetivo secundário, mas não menos importante, diz J.R., é criar em lugares onde não existe arte. "A situação na Monróvia, capital da Libéria, é caótica", lembra J.R. "A principal ponte está partida ao meio, não há policiamento. Eles estão completamente abandonados à própria sorte. Quero levar arte a locais como esse." As reportagens sobre os três rapazes assassinados levaram J.R. a inserir o morro da Providência em sua rota, mas outras informações contribuíram para a escolha. "Descobri que essa era a primeira favela do Brasil, e, por fim, que ao contrário de outros morros, não há nenhum centro cultural aqui", descreve o francês. Com a ajuda de Maurício Hora, 39, fotógrafo nascido e criado na favela, J.R. passou um mês subindo e descendo ladeiras na Providência, acompanhado de uma equipe que incluía ainda dois fotógrafos e um videomaker -este último, Ladj Ly, integra o time que fez o polêmico videoclipe de "Stress", da dupla francesa Justice. Além da exposição a céu aberto, o trabalho inclui um registro fotográfico de todo o processo e um documentário. Parte do material já está nos sites www.womenareheroes.be e www.jr-art.net/. Entre as retratadas, estão duas mulheres ligadas ao episódio que envolveu o Exército. Rosiete Marinho, 45, foi quem evitou que um quarto rapaz fosse levado pelos militares. "Eles me tiraram de uma grande depressão", fala a cozinheira, encarregada de "cuidar" da equipe. "Me senti realizada de ganhar amigos de tão longe. Nunca vou esquecer." A outra, cuja imagem ficou estampada nas escadarias da favela, é dona Benedita, 68, avó de David da Silva, um dos rapazes assassinados no episódio. "Sou uma heroína sim. Desde que meu neto morreu, estou lutando para resistir. Perdi um pedaço de mim." As duas estavam entre outras mulheres que, no sábado à noite, se reuniram em uma calçada da favela para assistir à projeção das imagens e se despedir do "francês". A sessão terminou em samba. Com churrasco e muita cerveja.
Periferia de Paris deu início ao projeto

DA ENVIADA AO RIO

"Women Are Heroes" é parte de um projeto maior, "28 Millimeters" (nome da lente), que J.R. iniciou em 2005, na França.
Na primeira fase, chamada "Retratos de uma Geração", ele fotografou jovens de periferias parisienses dominadas por gangues. A idéia era mostrá-los assim como a mídia os apresenta: como monstros. Para isso, pediu a eles que fizessem caretas, como uma caricatura. "Queria mostrar a maioria, anônimos que não estão na mídia e não são bandidos."
O processo foi o mesmo realizado no Brasil: após fotografadas, as imagens foram impressas em lambe-lambes e espalhadas por diversos pontos de Paris. Por coincidência, pouco tempo depois a periferia se insurgiu, e o trabalho de J.R. foi citado como "premonitório".
O próximo passo foi desconstruir a imagem que o Ocidente tem do Oriente Médio em "Face to Face", trabalho no qual J.R. registrou palestinos e israelenses que exercem a mesma profissão. "A guerra não permite que eles vejam a si mesmos", acredita o artista. "Fiz retratos de motoristas de táxi, cabeleireiros, professores etc."
Após o registro, as fotos gigantes de palestinos foram coladas em quatro cidades israelenses e vice-versa. Lá, o francês teve problemas: foi preso em Hebron, teve de deixar o local por 15 dias e foi proibido de colar os cartazes no muro que separa os dois povos. No Rio, antes de J.R. iniciar o trabalho na Providência, o também fotógrafo Maurício Hora negociou a permanência da equipe no morro com os traficantes locais.
(AFS)

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Da Folha SP, hoje


Scorpion, Scar e Tree Holes, trabalho de Rosângela Rennó

Pena estar longe (e ter tanta coisa para fazer aqui!).


Ciclo de palestras debate a fotografia hoje no mundo

Evento terá curadoria da produtora Cia de Foto e conta ainda com exposição na galeria Vermelho, que será aberta amanhã

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Por que fotografamos? É em torno dessa questão que a Semana da Fotografia 2008 percorre São Paulo de hoje a domingo. Com ciclo de palestras e uma exposição (veja texto nesta página), é o grande evento do gênero no Brasil.

A Semana terá como sede principal a Fnac Pinheiros (pça. dos Omaguás, 34, São Paulo; tel. 0/xx/11/3579-2000). A entrada é gratuita.
As conversas terão início às 18h, com lançamento da revista "FS/Clix". Às 19h30, Lesley Martin fala sobre seu trabalho de curadora. Ela foi responsável por mostrar no NY Photo Festival uma exposição com artistas que trabalham com apropriação de imagens.
Amanhã, a artista Giselle Beiguelman comanda mesa sobre imagem na web 2.0 (às 16h30), enquanto a pesquisadora e fotógrafa inglesa Jane Maxwell contextualiza as produções contemporâneas brasileiras e britânicas, ao lado da fotógrafa Rochelle Costi (às 19h).
Eugenio Bucci, Maria Rita Kehl e Patricia Gouvea falam na quarta-feira sobre o tema "O Tempo na Imagem". "As Misteriosas Formas de Beleza na Fotografia" é o assunto da palestra do holandês Hans Aarsman, na quinta (19h). Mais informações: www.fotosite.com.br/ semana2008sp/index.htm.
Para preencher a Semana, foram contratados como curadores Pio Figueroa, Rafael Jacinto e João Kehl, trio que pilota a Cia de Foto. Essa produtora paulistana ficou bastante conhecida por realizar fotos extremamente autorais, mas assinadas com o nome da empresa, não com o nome do fotógrafo.
"Só na fotografia não existe autoria coletiva. Por quê?", questiona Figueroa. "Esse formato de troca é o mais produtivo tanto comercialmente como no desenvolvimento da linguagem", afirma Jacinto.
Outro ponto que caracteriza o trabalho da Cia de Foto e que alimentará discussões no evento é a questão da finalidade da fotografia. "Queremos contradizer a idéia de que a foto só existe como registro, como documento histórico ou trabalho publicitário. Ela pode ser puro entretenimento, apenas pelo ato fotográfico", diz Figueroa.
"[A fotografia] Tem de se impor como linguagem. Ainda aparece bastante ligada a serviços." Para Figueroa, sua geração (de 30 e poucos anos) "cresceu com uma idéia glamourosa do fotojornalismo".
"A aplicação técnica ou de serviço aprisiona nossa noção de fotografia", aponta Jacinto. "A foto brasileira ainda está ligada a uma concepção modernista, de destacar na obra o nome do autor individual."

Séries remetem à narrativa das imagens

EDER CHIODETTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Séries que remetem à constituição da fotografia como narrativa, em contraponto à idéia do instantâneo, do momento único flagrado na tentativa de esquadrinhar o mundo a partir do visor da câmera. Esse é um dos motes pelos quais podem ser decifradas as mostras "Casasubu", de Vera Chaves Barcellos, e a coletiva "Provas de Contato", que serão abertas amanhã, na galeria Vermelho, em São Paulo. Barcellos, artista gaúcha que vive em Barcelona, apresenta uma série de 83 fotos alinhadas num mosaico, reapresentando fachadas de casas à beira-mar, em Ubu, na cidade de Anchieta (ES). São casas construídas com toda sorte de materiais, sobras de outras edificações e desenho arquitetônico caótico. A partir da vasta coleção de imagens, Barcellos transgride o código da documentação para intervir sobre as fachadas, eliminando, sobrepondo e trocando elementos entre as casas, em hábeis manipulações pós-fotográficas. As casas reconstruídas convivem com outras, tal como foram fotografadas. Como em um jogo especular, o visitante perde as referências entre o que é real e o que é invenção. Tanto faz. Os elementos falsos se infiltram para legitimar a realidade caótica. A mesma dinâmica de trabalhos feitos em série transborda para "Provas de Contato", que superlotou de obras a sala quatro da galeria Vermelho. Nela, o curador Eduardo Brandão selecionou trabalhos de cerca de 20 artistas da galeria. "Mais que trabalhos de fotografia, são sobre fotografia", salienta, ao apontar trabalhos como os de Rosângela Rennó, Odires Mlászho e Jac Leirner, entre outros, que discutem mais a gênese da fotografia do que a representação feita a partir dela.

CASASUBU e PROVAS DE CONTATO
Quando: abertura amanhã, às 20h; de ter. a sex., das 10h às 19h, e sáb., das 11h às 17h; até 27/9
Quanto: entrada franca Onde: na galeria Vermelho (r. Minas Gerais, 350, tel. 0/xx/ 11/3257-2033
Classificação indicativa: não informada

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Parque da Memória








Colocando o título, me dei conta que a memória foi um tema recorrente nas postagens destes dias em Buenos Aires. Pra ressaltar tudo, hoje fui ao Parque da Memória. Incrível só me dar conta disso agora. Quando eu e Bia estivemos aqui, alguns meses atrás, vi uma foto do Parque em uma exposição sobre fotojornalismo argentino que estava no Palais de Glace. Naquela vez, decidi que iria lá e fiz isso hoje. Peguei um ônibus no centro, passei pelo porto, pelo Aeroparque e, costaneira adentro, perto da Cidade Universitária (e do estádio do River), encontrei. Não sei bem por quê, mas essa coisa dos desaparecidos e do golpe na Argentina sempre me tocou muito. Talvez pelos filmes que eles fizeram sobre isso? Acho que História Oficial, em 1983, foi o primeiro filme desse tipo que assisti. No cursinho ainda. Depois, Sur. Ainda, Tangos, o Exílio de Gardel, e, mais perto, Kamchatka. O lugar não está pronto, abre em uns horários restritos. Fica na beira do rio, em uma enorme área de 14ha. O monumento é um muro, todo em zigzag, pra parecer, de cima, uma grande cicatriz. "Pra parecer de cima" faz sentido junto com o porquê de o monumento estar na beira do rio: uma das maneiras que os militares usaram para se livrar de cadáveres era com os "vôos da morte". Levavam os detidos em um vôo sobre o rio e os jogavam. Sem palavras. O muro em zigzag tem 30 mil tijolos de granito. E cerca de 8 mil destes tijolos têm o nome e a idade de alguém. Estes são os desaparecidos que foram identificados. Os outros não foram e talvez nunca o sejam. "30 mil"; "8 mil". São números difíceis de dimensionar. Essa é a idéia do monumento. Quantificar, mostrar, dar uma imagem, não deixar igualar "desaparecido"com "inexistente". A diferença não é pequena, é fundamental.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Graciela Iturbide


Graciela Iturbide, fotógrafa.


A Flavio, com cariño. Graciela. :) Sem (+) palavras!


Graciela, na mesa, com auto-retrato projetado atrás.
Fotos: Flávio Dutra

A grande figura do dia de hoje foi a fotógrafa Graciela Iturbide. Mexicana, incrível, doce. Algumas coisas que peguei da fala dela.


- Obsessão pela morte como transformação da vida. Diálogo entre imagens, tempos e símbolos. Ato fotográfico como meio de conhecimento de si e do outro.

- Condição de invisibilidade e condição de captar a surpresa. A fotografia de Graciela obedece ao assombro, ao singular e ao intransferível.

- O “tempo mexicano”: aprendeu com Manuel Alvarez Bravo, fotógrafo.

- Pássaros e iguanas, símbolos da obra de Iturbide. Iguanas para olhar o outro, pássaros para olhar-se a si mesma.

- A morte é e não é como a fotografia. É o tema que os fotógrafos têm em si, sempre. No seu trabalho a morte tem relação com a morte de sua filha.

- A vida não pode ser contada nem pelo realismo, nem pelo naturalismo. Mas sim pelo imaginário e pelo sonho (citando Brassaï).

- Fotografia como um pretexto para conhecer a vida.

- Alvarez Bravo sobre o trabalho do fotógrafo: “Hay tiempo, hay tiempo!”. Com ele olhava pinturas, ouvia música.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Fotografia e memória


Fernando de La Rosa, o peruano torto de simpático


Samuel Bollendorff, o francês fotojornalista: www.loeilpublic.com


Sala de leitura de portfólios, muito organizada


Bjorn Sterri, o norueguês. Em marcha forçada...


Banheiro de centro cultural é, antes de mais nada, banheiro


Trabalho de uma colombiana, sobre a guerrilha. Rio abaixo. O texto faz tudo melhor


A antológica Lúcia e o Festival da Luz

Fotos: Flavio Dutra

Estou em Buenos Aires. Grande cidade! Grande!!! Vim (mais Lúcia, Letícia e Bete) participar dos XV Encontros Fotográficos – Festival da Luz. Muitas exposições, palestras, conversas com autores, leituras de portfólio. Organizado, bacana, rico em experiências. Bom para aprender. Sobre trabalhos e como fazê-los; sobre exposições e suas formas; sobre molduras e formas de pendurá-las; sobre como as idéias cada vez mais circulam de forma parecida (bom pra saber que originalidade, hoje, não é uma questão). Grandes momentos até agora: Bjorn Sterri, um norueguês que fotografa... sua família e só isso. E que não se tome “só” por “pouco”. Não, é muito e intenso. A fala dele hoje deixou todo mundo emocionado; Fernando La Rosa, um peruano sensacional. Acho que se poderia dizer que se o carisma já reencarnou, foi nele, desistamos, esperemos a próxima vez. Sujeito bom!; a exposição da Graciela Iturbide, uma mexicana que, se não estou enganado, é da Magnum (sim, estou enganado, nadaquever!). E o Oscar Pintor, um argentino que, não preciso dizer mas digo, apesar do nome, é fotógrafo da gema, nascido entre o metol, a hidroquinona e o hipossulfito de sódio. E também um fotojornalista francês, Samuell Bollenforff com um trabalho sobre a China (outra, não essa do Ninho de Pássaro e do Cubo d’Água, que, aliás, não consegue me comover depois de ter visto essa exposição). Duas coisas muito impressionantes nesse festival: a força do preto e branco e a presença da morte nos trabalhos. De se pensar...

Mas quero contar uma historinha, particular, porque tem a ver com a memória e, talvez, não haja coisa maior em fotografia que memória. Em 1998 fiz uma viagem pelo norte da Argentina. Ia fazer a clássica ida ao Peru mas queria fazer por um caminho diferente. Vim a Buenos Aires, fui a Córdoba (onde vi gente olhando filme projetado em uma parede na Plaza de Armas, sensacional), depois a Salta e, ainda, subi as “quebradas” de Purmamarca, Humauaca e finalmente, cruzei a fronteira com a Bolívia por La Quiaca, Argentina, Villazon, Bolívia. Peguei um ônibus e fui para Potosi. 4 mil metros de altitude. Altiplano em alto estilo. Na chegada, depois de uma noite de viagem em um ônibus apertado e de estradas de chão, na rodoviária, encontrei dois casais de argentinos de quem fiquei amigo (estava viajando sozinho). Carolina, Miguel, Pablo Tellezon e Guadalupe Miles (só lembro estes sobrenomes). Fiquei bem amigo de Pablo e Guadalupe. Ele, maitre no Sheraton em Buenos Aires, ela fotógrafa. Saímos algumas vezes em Potosi (um dia fomos fotografar em uma feira), fomos jantar. Na última noite juntos, jantamos em um restaurante em que tocavam alguns músicos peruanos. Guadalupe propôs que oferecêssemos uma garrafa de vinho aos músicos. Quando terminaram, vieram falar conosco e agradecer. Nos convidaram para ir ao estúdio deles, ali perto, onde haveria uma festa. Fomos. Era uma sala retangular, com bancos em volta, eles tocando em um canto, pessoas dançando ritmos argentinos e outros (chacarera, acho que é argentina). Lenços na mão e passos esquisitos. E alguém que de quando em vez passava com uma jarra de bebida que se tomava na própria jarra, um gole cada um. A 4 mil metros, altiplano, músicos peruanos, ritmos argentinos e gente dançando. Foi minha maior experiência lisérgica! Nunca mais vi meus conhecidos argentinos. Depois, segui Bolívia adentro, La Paz, Copacabana, Peru, Caminho Inca. Meu pai morreu no meio dessa viagem, fiquei sabendo uma semana depois, quando liguei pra casa. Foi de repente, eu estava no meio de um Canyon, olhando côndores. Canyon de Colca. Difícil saber coisas desse jeito, uma semana depois. Não sabia o que fazer, continuei viajando. Fui ao Chile. Depois disso, me dei mal muitas vezes. Fui roubado, cruzei com um dono de hotel preconceituoso com latino-americanos (e era chileno!). Mas passou, passou. Me lembrei disso tudo por que aqui, olhando as exposições, em uma coletiva de fotógrafos argentinos, está uma foto de Guadalupe Miles, a namorada do Pablo Tellezon. Que bacana é encontrar pontos de contato, de semelhança. Nem que seja só (!) da memória.

Tenho uma foto dela, feita naquela feira em Potosi. Quando chegar em POA, posto.

domingo, 3 de agosto de 2008

Caetano Veloso, o fotógrafo






Fotos: Caetano Veloso

Li na Folha de São Paulo, na coluna da Mônica Bergamo (sexta-feira, 1/08), que o bom bahiano anda fotografando sua excursão européia. As imagens e histórias têm sido publicadas no blog www.obraemprogresso.com.br. Pra lá da minha adoração pelo Caetano, será que todo mundo vai virar fotógrafo com esse negócio de celular-câmera, saboneteira-câmera, caneta-câmera...? Assim não dá, Bionicão! ;) O texto abaixo eu tirei do jornal:

"Eu nunca tive uma câmera e quase nunca tiro fotografias", explica ainda Caetano no blog. "Lembro do tempo em que só os japoneses tiravam fotografia de tudo, o tempo todo, e nós achávamos engraçado. Bepe, nosso guia sardo, na Itália, contou que os japoneses da equipe que rodava um documentário sobre a Sardenha tiravam fotos de todos os pratos que iam comer nos restaurantes. Eu, que queria ser cineasta, acho chato quando se tira muita foto da gente nas praias, no Carnaval, nas celebrações, porque parece que tudo perde o gosto. Não me vejo tirando foto do meu almoço. De fato, a interrupção do ritmo de uma situação pelos constantes arranjos para fotografar enche o saco." Ele diz ainda que "há décadas que vejo coisas incríveis no Carnaval da Bahia e me prometo levar uma câmera para registrar. Mas sempre deixo para o próximo ano pois não quero perder o Carnaval. Fotografar ou filmar é como sair dali e olhar de fora. E parar para ser fotografado atrapalha."

P.S. Gosta de uma sacanagem esse Caetano! ;)

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Divagações em um palco vazio


César Glockner, o fantasma da ópera


O Walter Karwatzky estava silencioso!


Barbara Barreiros e Bete Rocha, nas alturas...


Xyko Seabra, que a D. Eva não te veja aí jogado!


Simone Pasin, meu tripé, e a Taiane Agnoletto, rapidinho.


Marcelo Hoffmann, observado pelas entidades...


Letícia Soninho Lampert


Dá esse talento pra mim, anda!!! (Mateus Bruxel, a vítima, Marcelo, o algoz).


Fotos: Flávio Dutra ('roubou', fotografando com digital)

Há 3 anos desenvolvemos no Projeto Contato um trabalho que chamamos de Projeto Porto Alegre. No começo dos tempos (ok, ao menos do nosso tempo de existência enquanto grupo) a idéia veio como uma maneira de criarmos corpo, de darmos consistência ao que pensávamos como fotografia, de aglutinar pessoas e de fazermos uma das coisas que sempre consideramos ser o que melhor sabíamos fazer (além de fotografar, espero!): discutir e conversar sobre imagem, sobre as maneiras de fazê-las, sobre como elas funcionam e como elas não funcionam, sobre o que se deve olhar, com o que se deve preocupar e ao que não se deve dar bola. Sempre de uma maneira pouco ortodoxa (sempre consideramos que o nosso “melhor” pode ser radicalmente diferente do “melhor” de qualquer outra pessoa – desde que nos convençam disso, claro :)). Abri o parêntese, mas vou continuá-lo como frase (assim eu escreveria se fosse Nelson Rodrigues): o que disse no parêntese pode parecer arrogância disfarçada de brincadeira, mas na verdade é o que é pra ser. Gostar ou não gostar, não importa. Importa a intenção ou o projeto de quem fotografa. Qualquer imagem, a serviço de uma intenção, pode valer. O que não vale é a imagem que não alcança a sua intenção, em que o discurso sobre a imagem é maior do que o que ela é capaz de mostrar. E isso não significa, de forma alguma, não aceitar o quanto de casual, de acaso tem toda imagem. Não! Sabemos (o plural não é majestático e sim referente a nós como grupo, Nede, Lúcia e eu) e temos certeza que toda imagem carrega um tanto de acaso e sabemos que isso é uma das coisas mais legais em fotografia. Mas acreditamos que a imagem tem que ter a força e a capacidade de dar conta das intenções do fotógrafo. Se não, vira antropologia, filosofia, tese, outra coisa. Isso também não significa exigência de um purismo, no sentido de que a imagem se basta. Sabemos que a imagem não se basta para constituir sentido. Mas o contrário disso não pode e não deve ser a necessidade da tese. Termino a frase (e o parêntese) e volto ao que iniciava a dizer antes. O corte que decidimos dar ao Projeto POA foi o de fazer saídas a lugares e eventos da cidade, mas com uma técnica específica: fotografia analógica, com filmes em p&b de revelação convencional. Uma tentativa conservadora, digamos assim, em um momento em que o digital começava a se impor (não parece, mas é verdade: o digital não está por aí há tanto tanto tempo). O projeto cresceu, fotografamos lugares pouco “nobres” da cidade (a rodoviária, por exemplo) ao lado de eventos da mais fina tradição porto-alegrense (a Feira do Livro, por exemplo). Tivemos saídas com mais e com menos gente, mas sempre encontramos um monte de gente disposta a conversar, fotografar, exercitar o olhar. Depois de algum tempo sem termos uma boa idéia de “pra onde ir na próxima saída?”, organizamos no final de semana passado uma edição matutina, de sábado (um sábado lindo, aliás) no Theatro São Pedro. Um mote óbvio, já que ele está completando 150 anos em 2008. E quantas coisas têm 150 anos em Porto Alegre? Para além do dia, o clima (a “atmosfera”) estava ótimo. Nos sábados pela manhã a Orquestra de Câmara do Theatro ensaia em um dos foyers. Entramos pelos fundos do palco e, naquele teatro vazio e silencioso, ecoava o som da orquestra. Muito inspirador. Passamos a manhã ali. Lindo, numa maneira insólita de ver a cidade, pensando que é possível ver a cidade através dos seus ícones e pensando como o Theatro São Pedro é um dos maiores ícones dessa cidade. Queria escrever sobre as diferenças entre fotografar analogicamente e fotografar digitalmente. Mas já foram parênteses demais e curvas demais. Fico com assunto para a próxima postagem. Ufa! :)

P.S. Além dos fotografados que aparecem, estavam com a gente a Mariana Boeira, a Luciana Lee, a Eva Benites, a Clara Bica. A Débora Piva não pode ir na última hora, mas vai, certo, na próxima! ;)

P.S. 2 Tudo terminou em um lauto almoço, no Gambrinus!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Retrospectiva Flavio Damm, no MARGS





Fotos: Flávio Damm

Vai acontecer em agosto, no MARGS, a primeira grande retrospectiva do trabalho de Flávio Damm, em Porto Alegre. Flávio é um dos mais tradicionais fotojornalistas em atividade no país. Fotografou para a revista do Globo e, depois, no Rio de Janeiro, para a O Cruzeiro. Esta revista foi um dos marcos da moderna fotografia de imprensa no Brasil, trazendo para estas bandas, a partir dos anos 40, muito do que se fazia nos EUA e na Europa com a Life, a Picture Post, a Match, a Vu, etc. Pela O Cruzeiro passaram grandes nomes do fotojornalismo brasileiro. Além de Damm, José de Medeiros, Pierre Verger, Jean Manzon, Luis Carlos Barreto, entre outros.

A abertura da exposição será no dia 5/08 e Flávio pediu que nós, do Projeto Contato, organizemos uma lista de pessoas interessadas em fotografia que queiram brindar com ele este retorno. Se você quiser participar, entre no link http://www.projetocontato.com/, clique em "contato" e nos mande seu nome e endereço eletrônico. Vai ser uma grande festa, com uma grande e importante figura da fotografia brasileira. O prazo para a montagem da lista é dia 30/07.

Abaixo um texto com a biografia do incansável e imparável Flávio Damm.

FLÁVIO DAMM, nascido em 1928 e que completa 64 anos de fotojornalismo, começou sua atividade, em 1944, na “Revista do Globo”, em sua cidade natal, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, onde publicou as primeiras fotos do ex-ditador Getúlio Vargas no exílio, em 1947, numa fazenda na fronteira com a Argentina. Essas fotos foram divulgadas na imprensa mundial, pelo fato de mostrarem Vargas após dois anos sem permitir suas imagens na mídia. Elas marcaram o primeiro momento do que viria a ser a volta de Getúlio ao poder, democraticamente eleito em 1950. Durante dez anos, Flávio Damm trabalhou na revista “O Cruzeiro”, no Rio de Janeiro, onde, além de fotografar, escrevia os textos de suas reportagens, o que lhe deu a oportunidade de ser correspondente nos Estados Unidos, em 1957/58. Em 1953, cobriu a Coroação da Rainha Elizabeth da Inglaterra e, em 1957, acompanhou a Rainha em sua viagem ao Canadá e Estados Unidos. No mesmo ano, foi o único jornalista brasileiro presente em Cabo Canaveral a fotografar a explosão do foguete que levaria ao espaço o primeiro satélite americano, o Vanguard. Durante a construção de Brasília, convidado por Oscar Niemeyer, entre 1958 e 1961, documentou o surgimento da nova capital, traduzindo em imagens fotográficas o traçado criado na prancheta pelo genial arquiteto. No Brasil, foi correspondente da agência americana de notícias “Black Star”. Ilustrou o livros “Bahia de Todos os Santos” e “Bahia Boa Terra Bahia”de Jorge Amado e “Pernambuco Sim” de Gilberto Freyre. Fotografou Candido Portinari durante os seus dois últimos anos de vida, trabalho que resultou no único documentário fotográfico sobre o pintor. Flávio Damm foi fundador do Projeto Portinari, em 1976, e diretor da Associação Cultural Candido Portinari, entre 1995 e 1997. Reeditou uma edição de luxo da obra “Dom Quixote” composta de vinte e seis desenhos a lápis de cor, implantando no Projeto Portinari um trabalho editorial e produção de exposições de réplicas da obra do pintor. Oito dessas exposições estão, atualmente, sendo exibidas em todo o Brasil. Publicou, em 1972, o livro “Um Candido Pintor Portinari”(edição esgotada), uma foto biografia, mostrando a intimidade profissional do artista com fotos inéditas, inclusive o seu último retrato feito seis dias antes da sua morte, em 1962. Iniciou em 2006 a série fotográfica “Pelos Brasis Afora”, com textos de sua autoria que acompanham as fotos, editando os livros “Bahia Anos Cinqüenta” e “Um País Em Seu Tempo”. Flávio Damm tem dezesseis livros publicados. Expôs na França, Suíça, Argentina, Alemanha e no Brasil. Em 1997, ganhou o Premio Pirelli e expôs no MASP, Museu de Arte de São Paulo e uma Retrospectiva na Pinacoteca de São Paulo, em 2005. Tem suas fotos em coleções de museus e de particulares. Fotografa em preto-e-branco, usando apenas a luz ambiente, e tem um acervo de cerca de sessenta mil negativos catalogados. Sua atividade jornalística lhe valeu três malárias e uma prisão pelo exército de Perón, na Argentina, em 1951. Em 1960, escapou de morrer em um acidente de avião, que vitimou todos os 59 passageiros e tripulantes, por ter desistido de embarcar na última hora. Em 1951, fotografou, no Maranhão, um tiroteio que durou 22 minutos e que resultou em doze mortes; na Bolívia documentou a revolução que levou Paz Estensoro ao poder, com um saldo de cerca de dois mil mortos, todos com direito a enterros acompanhados por banda de música. Participou da expedição chefiada por Orlando Villas-Boas, ao Brasil Central, que localizou os ossos do explorador inglês Fawcett, nas margens do Rio Kuluene, um afluente do Rio das Mortes. Flávio Damm dedica-se atualmente a fotografar exclusivamente para publicar livros e fazer exposições. Leva sua câmara por onde vai; escreve e produz projetos culturais. Sua fotografia, hoje, persegue uma linha de trabalho desvinculada da reportagem, registrando cenas de pessoas em suas atitudes mais singelas, vendo-as de forma respeitosa, bem humorada e absolutamente impessoal, tendo a preocupação de gravar o “momento decisivo”, sem manter qualquer tipo de contato – antes, durante ou depois – com os seus personagens, numa aproximação que demanda uma perfeita coordenação do olhar, do corpo e do espírito, o que permite captar o momento que reúne os componentes plásticos e psicológicos para que a imagem final, sempre em preto-e-branco, tenha o melhor significado humano possível. Parou de contar o número de viagens feitas pelo Brasil quando completou novecentos e trinta; ao exterior viajou sessenta e sete vezes. Como recordação de suas andanças pelo mundo, tem uma coleção de pedras recolhidas em mais de 250 lugares, incluindo exemplares da Muralha da China, Santiago de Compostela, Gibraltar, de Auschwitz, de Monsanto, do Taj Mahal e de Cadiz, a mais antiga cidade do ocidente.
Flávio Damm é verbete do DICIONÁRIO NUNGESSER DE FOTOGRAFIA, editado em Berlim, Alemanha.
Escreve coluna para a Revista PHOTO MAGAZINE e para o “site” http://www.photos.com.br/
Flávio Damm é titular do “Concurso Flávio Damm de Fotografia” pela Fundação Assis Chateaubriand”, Jornal “Correio Brasiliense”, Brasília, DF.
Rio, julho de 2008.

sábado, 19 de julho de 2008

Dona Anna, dona Aracy


Dona Aracy, dona Anna

Vou estar (!) bem longe de ser o primeiro a escrever isso, mas certamente uma das coisas mais legais em profissões que envolvem relacionar-se com outras pessoas é viver entrando em casas, escritórios, consultórios alheios, ouvindo histórias, encontrando jeitos de viver diferentes e parecidos com os da gente. Ontem fui fotografar uma coluna do jornal (da UFRGS, um mensal bacana, bem cuidado, bem editado e trabalhado com carinho por todo mundo, que pode ser visto também em http://www.ufrgs.br/comunicacaosocial/jornaldauniversidade/) chamada Perfil. Sempre alguém ligado à universidade, com uma boa história. Buenas, a foto de ontem era da dona Anna, ex-bibliotecária da Escola de Engenharia, aposentada há-sei-lá-quanto-tempo, de 80 anos. A pauta dizia "gosta de ler". "Gosta de ler", hmmmm.... "bibliotecária", hmmmm.... ela na frente da estante de livros, tá feita a foto. Cheguei lá, sentamos, conversamos um pouco e lancei a pergunta. "Vamos fazer a foto, dona Anna? Que tal junto com seus livros?" Me respondeu ela, "Que livros, meu filho? Eu lá sou velha de ficar juntando papel em casa?" Hmmmm, meu mundo caiu (diria Maisa)! "Como, 'não tenho livros'? A sra. não gosta de ler?" "Gostar de ler eu gosto, mas precisa ter livros em casa pra gostar de ler? Lugar de livro é na biblioteca, ora bolas! Além do mais, o que eu gosto mesmo de fazer é ver novela. Eu e a dona Aracy, a vizinha do 52. Sempre vemos juntas. Vim morar aqui e logo ficamos amigas. Imagina, eu podia ser traficante de drogas e ela foi logo ficando minha amiga". Tentei emendar o papo, me fazendo de entendido, perguntei se ela tava gostando de A Favorita. "Não, essa é muito tarde. Gosto mesmo é da novela das 6" :) Eu já era todo sorrisos, internos e externos. Resolvi fazer uma foto dela no sofá, segurando uma revista. "Gosta de ler", eu, preso na pauta. Depois, me levou pra ver o apartamento, antigo, na Borges. Dona Anna é organizadíssima. Tem bilhetes pra todo lado. "Não deixe pratos sujos na pia"; "Antes de deixar o prato sujo para lavar, limpe-o com um papel"; "Ao sair, desligue a luz, tranque o gás, verifique as trancas" Bilhetes pra ela mesma, veja bem ... Tava indo embora, me despedindo, e ela me convida pra conhecer a dona Aracy, "tenho a chave do apartamento dela e ela tem a chave do meu apartamento". Entramos, veio dona Aracy que imediatamente emendou "Tu também é careca!", e uma gargalhada. Dona Aracy tem 85 anos e agora tá fazendo uma quimioterapia que a fez perder parte dos cabelos. Depois, me levou pra conhecer a casa. Ela acha engraçadíssimo que tem uma copa com portas por dois lados: ela nunca sabe por onde é a entrada e por onde é a saída! Ia embora quando, finalmente (ô, demorou hein?), me "livrei"da pauta ("gosta de ler"). Tirei a máquina e fiz vááárias fotos das duas. "Meu filho, pra que tanto retrato?" Na saída, nos despedimos e dona Anna, avisando, disse pra dona Aracy "5 e meia venho pra gente ver Malhação". Eu, não mais com sorrisos internos, tava virado em gargalhadas internas. Livrei 78 quilos da semana que ia pelo meio! E ainda tivemos tempo pra ver o depósito do prédio, que a dona Anna organizou. Preciso de uma bibliotecária na minha vida!

P.S. Hoje, 19/07, 16h, tem Pipoca e Fotografia no Projeto Contato: War Photographer, sobre o James Nachtwey.

Trilha sonora: Lou Reed, Animal Serenade, Candy Says

Atualização: 21/06/2009: Dona Anna me ligou hoje pedindo as fotos. "Mas eu já lhe mandei as fotos, Dona Ana." "Entregou duas, mas eu quero TODAS as outras! Pode fazer tudo duplo, pra mim e pra Aracy. E depois só me diz quanto foi, não tem problema. Mas me avisa antes, por que não uso cheque, não tenho cartão de crédito e comigo é tudo em dinheiro sonado!" "Tá bom, dona Anna vou fazer as fotos e levo aí pra senhora." "Certo, meu filho. Mas traz até o final do mês porque o filho da Aracy vai casar e ela vai embora pra Belo Horizonte". "Mas deixa eu te contar uma do remédio, antes de desligar: eu tive um AVC em outubro, mas pouca coisa, o único problema é que tô meio sem memória, a casa tá toda cheia de bilhete pra me lembrar do que esqueço. aí, outro dia, fui no banco e a Jacira, a moça da caixa, me perguntou qual era o remédio que eu tava tomando. E eu lembrava? Sabia que tinha a ver com tango, mas não lembrava o nome. Pensei, pensei... tango... Carlos Gardel... Gardel.... GARDENAL! Lógico! Assim não dá pra esquecer! Traz as fotos logo, viu meu filho?"

:) :) :)

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Flavio Damm gosta do Gambrinus


Da esq. para direita: Taiane, Mateus, Damm e Flávio


Damm e Mateus: "Quer ver como a Nikon é resistente?"

Fotos de celular: Leticia Lampert


Um fotógrafo clássico gosta de restaurantes clássicos. Flávio Damm esteve em Porto Alegre por dois dias para organizar os preparativos da sua retrospectiva Flávio Damm, Preto no Branco que acontecerá em Porto Alegre a partir do dia 5/08, no MARGS. Aliás, quem diz que greves só atrapalham a vida? Foi por causa da greve dos correios que Flávio veio à cidade de onde saiu há 58 anos. Se aqui fosse a contracapa da ZH, certamente estaria escrito que ele é "fotógrafo gaúcho radicado no Rio de Janeiro". Ô gente que gosta dessa palavrinha feia, "radicado". Bem, tem gente que gosta do Inter, fazer o que, né? :) Cada um com seus cada qual, diria uma amiga filósofa-de-cervejaria. Voltando à vaca fria (ou ao "radicado"?), fomos almoçar com o Flávio, hoje, no Gambrinus. Estavam Mateus Bruxel (fotojornalista do Correio do Povo), Letícia Lampert (designer e artista plástica que, aliás, anda tri-grandona) e a Taiane Agnoletto (historiadora e mestranda em História na PUC, que está fazendo uma dissertação sobre, justamente, o José de Medeiros, fotógrafo, cineasta e, mais importante, ex-cunhado do Flávio Damm). Grande contador de histórias, poderíamos ter ficado juntos a tarde toda. Ele bem que tentou. Amarrava uma história na outra e a gente ia ficando, ficando, ficando... Droga é a tal da área azul (que venceu, e aliás beeem vencida!) e os compromissos de depois. A vida do dia-a-dia comendo nos calcanhares, pra variar. E, no fim, encontramos a Miriam Fichtner e o Carlos, seu marido. Ela, claro, gaúcha radicada no Rio... :)

P.S. 1. Flávio Damm tem 79 anos, foi fotógrafo da revista do Globo em Porto Alegre e, depois, da revista O Cruzeiro, no Rio de Janeiro. É um dos mais tradicionais e clássicos fotojornalistas em atividade no Brasil.

P.S. 2. Flávio contou uma história impagável sobre um português e seu papagaio. História que ele ficou de escrever e mandar para publicar aqui. Português e um papagaio, na mesma história. E NÃO era piada!!! ;)

terça-feira, 15 de julho de 2008

Fotógrafos da vida moderna


Aleksandr Rodtchenko ('Moça com Leica', 1934)
Pra quem for a São Paulo por agora (onde "por agora" = até 30/09), uma exposição mais que imperdível (o texto foi publicado na Ilustrada, Folha SP, dia 9/07/2008).

No Ibirapuera, MAC reúne mestres da foto
Exposição apresenta imagens de nomes importantes como Cartier-Bresson, Rodtchenko, Man Ray e Brassaï. Com trabalhos que pertenciam ao ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, "Fotógrafos da Vida Moderna" começa amanhã.
MARIO GIOIADA, REPORTAGEM LOCAL
Man Ray, Cartier-Bresson, Leni Riefenstahl, Robert Doisneau. Grandes nomes da história da fotografia, quase ausentes de coleções de instituições públicas brasileiras, cujas imagens poderão ser vistas a partir de amanhã no MAC (Museu de Arte Contemporânea) do parque Ibirapuera, na exposição "Fotógrafos da Vida Moderna".A mostra, com curadoria de Helouise Costa, pesquisadora e vice-diretora do museu, reúne 154 fotografias. Desse total, 124 pertenciam à coleção do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira e foram destinadas ao MAC, sob guarda provisória por decisão judicial.Complementam a mostra trabalhos já pertencentes ao acervo do museu e ao acervo do IEB (Instituto de Estudos Brasileiros). "Achei importante que as fotografias dialogassem com imagens que já estivessem em outros acervos", diz a curadora. Ela lembra que a coleção de Cid Ferreira tinha cerca de 1.500 fotografias, das quais aproximadamente mil ficaram com o MAC. Outras instituições públicas, como o Museu do Ipiranga, ficaram com o restante, também sob guarda provisória.Desde novembro de 2005, segundo Costa, os trabalhos estavam no MAC. O primeiro problema a resolver foi identificar todas as fotografias e fazer um inventário delas. "Tivemos de nos preparar para receber esse grande lote, adaptando a reserva técnica e acondicionando as obras de forma adequada."Para montar "Fotógrafos..." no MAC Ibirapuera, outro ponto problemático foi como apresentar a numerosa coleção, que vai desde precursores no meio, como Eadweard Muybridge (1830-1904) até nomes contemporâneos, como Tracey Moffatt, 47. Na primeira sala da exposição, já há diversas fotografias de Brassaï (1899-1984) e Man Ray (1890-1976), que são os nomes com mais obras representadas (11 e 14, respectivamente)."Nesse primeiro segmento, quis mostrar como foi construída a imagem do artista, a partir da colaboração mútua de nomes como Picasso e Chagall com os fotógrafos." Há registros raros, como o escultor Brancusi (1876-1957) de olhar perdido em seu ateliê, retratado por Steichen (1879-1973).Os cruzamentos entre o documental e a experimentação estão presentes na sala seguinte, que tem desde a impressionante "Moça com Leica" (1934), de Aleksandr Rodtchenko (1891-1956), até um registro bem-humorado de freiras no Rio, de Herbert List (1903-1975).Nas outras salas, há conjuntos raros, como o álbum de Jacques-Henri Lartigue (1894-1986) e o seu fascínio pelas máquinas modernas e seus movimentos, além de uma série de fotomontagens do escritor Jorge de Lima (1893-1953), pertencente ao IEB.

FOTÓGRAFOS DA VIDA MODERNA
Quando: de ter. a dom., das 10h às 18h; até 28/9
Onde: MAC-USP Ibirapuera - Pavilhão da Bienal, 3º andar (parque Ibirapuera, portão 3, tel. 0/xx/11/ 5573-5255); livre
Quanto: entrada franca

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Pra começar




A idéia é colocar aqui tudo o que me der na telha sobre fotografia. E estabelecer uma comunicação com quem gostar das coisas que gosto (com quem não gostar das coisas que gosto também vale). E, claro, poder publicar sem precisar ficar hooooooooooras discutindo com o Nede e com a Lúcia se vale ou não vale. Vida em comunidade é soda!!! :)