sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Parque da Memória
Colocando o título, me dei conta que a memória foi um tema recorrente nas postagens destes dias em Buenos Aires. Pra ressaltar tudo, hoje fui ao Parque da Memória. Incrível só me dar conta disso agora. Quando eu e Bia estivemos aqui, alguns meses atrás, vi uma foto do Parque em uma exposição sobre fotojornalismo argentino que estava no Palais de Glace. Naquela vez, decidi que iria lá e fiz isso hoje. Peguei um ônibus no centro, passei pelo porto, pelo Aeroparque e, costaneira adentro, perto da Cidade Universitária (e do estádio do River), encontrei. Não sei bem por quê, mas essa coisa dos desaparecidos e do golpe na Argentina sempre me tocou muito. Talvez pelos filmes que eles fizeram sobre isso? Acho que História Oficial, em 1983, foi o primeiro filme desse tipo que assisti. No cursinho ainda. Depois, Sur. Ainda, Tangos, o Exílio de Gardel, e, mais perto, Kamchatka. O lugar não está pronto, abre em uns horários restritos. Fica na beira do rio, em uma enorme área de 14ha. O monumento é um muro, todo em zigzag, pra parecer, de cima, uma grande cicatriz. "Pra parecer de cima" faz sentido junto com o porquê de o monumento estar na beira do rio: uma das maneiras que os militares usaram para se livrar de cadáveres era com os "vôos da morte". Levavam os detidos em um vôo sobre o rio e os jogavam. Sem palavras. O muro em zigzag tem 30 mil tijolos de granito. E cerca de 8 mil destes tijolos têm o nome e a idade de alguém. Estes são os desaparecidos que foram identificados. Os outros não foram e talvez nunca o sejam. "30 mil"; "8 mil". São números difíceis de dimensionar. Essa é a idéia do monumento. Quantificar, mostrar, dar uma imagem, não deixar igualar "desaparecido"com "inexistente". A diferença não é pequena, é fundamental.
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Um comentário:
Beleza Flavio! lindíssimas e comoventes estas fotos do parque da memória!!esta história tem que ser contada sempre, assim como a parte brasileira. Tuas fotos estão ajudando a contar...
bjs bete
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