sexta-feira, 25 de julho de 2008

Retrospectiva Flavio Damm, no MARGS





Fotos: Flávio Damm

Vai acontecer em agosto, no MARGS, a primeira grande retrospectiva do trabalho de Flávio Damm, em Porto Alegre. Flávio é um dos mais tradicionais fotojornalistas em atividade no país. Fotografou para a revista do Globo e, depois, no Rio de Janeiro, para a O Cruzeiro. Esta revista foi um dos marcos da moderna fotografia de imprensa no Brasil, trazendo para estas bandas, a partir dos anos 40, muito do que se fazia nos EUA e na Europa com a Life, a Picture Post, a Match, a Vu, etc. Pela O Cruzeiro passaram grandes nomes do fotojornalismo brasileiro. Além de Damm, José de Medeiros, Pierre Verger, Jean Manzon, Luis Carlos Barreto, entre outros.

A abertura da exposição será no dia 5/08 e Flávio pediu que nós, do Projeto Contato, organizemos uma lista de pessoas interessadas em fotografia que queiram brindar com ele este retorno. Se você quiser participar, entre no link http://www.projetocontato.com/, clique em "contato" e nos mande seu nome e endereço eletrônico. Vai ser uma grande festa, com uma grande e importante figura da fotografia brasileira. O prazo para a montagem da lista é dia 30/07.

Abaixo um texto com a biografia do incansável e imparável Flávio Damm.

FLÁVIO DAMM, nascido em 1928 e que completa 64 anos de fotojornalismo, começou sua atividade, em 1944, na “Revista do Globo”, em sua cidade natal, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, onde publicou as primeiras fotos do ex-ditador Getúlio Vargas no exílio, em 1947, numa fazenda na fronteira com a Argentina. Essas fotos foram divulgadas na imprensa mundial, pelo fato de mostrarem Vargas após dois anos sem permitir suas imagens na mídia. Elas marcaram o primeiro momento do que viria a ser a volta de Getúlio ao poder, democraticamente eleito em 1950. Durante dez anos, Flávio Damm trabalhou na revista “O Cruzeiro”, no Rio de Janeiro, onde, além de fotografar, escrevia os textos de suas reportagens, o que lhe deu a oportunidade de ser correspondente nos Estados Unidos, em 1957/58. Em 1953, cobriu a Coroação da Rainha Elizabeth da Inglaterra e, em 1957, acompanhou a Rainha em sua viagem ao Canadá e Estados Unidos. No mesmo ano, foi o único jornalista brasileiro presente em Cabo Canaveral a fotografar a explosão do foguete que levaria ao espaço o primeiro satélite americano, o Vanguard. Durante a construção de Brasília, convidado por Oscar Niemeyer, entre 1958 e 1961, documentou o surgimento da nova capital, traduzindo em imagens fotográficas o traçado criado na prancheta pelo genial arquiteto. No Brasil, foi correspondente da agência americana de notícias “Black Star”. Ilustrou o livros “Bahia de Todos os Santos” e “Bahia Boa Terra Bahia”de Jorge Amado e “Pernambuco Sim” de Gilberto Freyre. Fotografou Candido Portinari durante os seus dois últimos anos de vida, trabalho que resultou no único documentário fotográfico sobre o pintor. Flávio Damm foi fundador do Projeto Portinari, em 1976, e diretor da Associação Cultural Candido Portinari, entre 1995 e 1997. Reeditou uma edição de luxo da obra “Dom Quixote” composta de vinte e seis desenhos a lápis de cor, implantando no Projeto Portinari um trabalho editorial e produção de exposições de réplicas da obra do pintor. Oito dessas exposições estão, atualmente, sendo exibidas em todo o Brasil. Publicou, em 1972, o livro “Um Candido Pintor Portinari”(edição esgotada), uma foto biografia, mostrando a intimidade profissional do artista com fotos inéditas, inclusive o seu último retrato feito seis dias antes da sua morte, em 1962. Iniciou em 2006 a série fotográfica “Pelos Brasis Afora”, com textos de sua autoria que acompanham as fotos, editando os livros “Bahia Anos Cinqüenta” e “Um País Em Seu Tempo”. Flávio Damm tem dezesseis livros publicados. Expôs na França, Suíça, Argentina, Alemanha e no Brasil. Em 1997, ganhou o Premio Pirelli e expôs no MASP, Museu de Arte de São Paulo e uma Retrospectiva na Pinacoteca de São Paulo, em 2005. Tem suas fotos em coleções de museus e de particulares. Fotografa em preto-e-branco, usando apenas a luz ambiente, e tem um acervo de cerca de sessenta mil negativos catalogados. Sua atividade jornalística lhe valeu três malárias e uma prisão pelo exército de Perón, na Argentina, em 1951. Em 1960, escapou de morrer em um acidente de avião, que vitimou todos os 59 passageiros e tripulantes, por ter desistido de embarcar na última hora. Em 1951, fotografou, no Maranhão, um tiroteio que durou 22 minutos e que resultou em doze mortes; na Bolívia documentou a revolução que levou Paz Estensoro ao poder, com um saldo de cerca de dois mil mortos, todos com direito a enterros acompanhados por banda de música. Participou da expedição chefiada por Orlando Villas-Boas, ao Brasil Central, que localizou os ossos do explorador inglês Fawcett, nas margens do Rio Kuluene, um afluente do Rio das Mortes. Flávio Damm dedica-se atualmente a fotografar exclusivamente para publicar livros e fazer exposições. Leva sua câmara por onde vai; escreve e produz projetos culturais. Sua fotografia, hoje, persegue uma linha de trabalho desvinculada da reportagem, registrando cenas de pessoas em suas atitudes mais singelas, vendo-as de forma respeitosa, bem humorada e absolutamente impessoal, tendo a preocupação de gravar o “momento decisivo”, sem manter qualquer tipo de contato – antes, durante ou depois – com os seus personagens, numa aproximação que demanda uma perfeita coordenação do olhar, do corpo e do espírito, o que permite captar o momento que reúne os componentes plásticos e psicológicos para que a imagem final, sempre em preto-e-branco, tenha o melhor significado humano possível. Parou de contar o número de viagens feitas pelo Brasil quando completou novecentos e trinta; ao exterior viajou sessenta e sete vezes. Como recordação de suas andanças pelo mundo, tem uma coleção de pedras recolhidas em mais de 250 lugares, incluindo exemplares da Muralha da China, Santiago de Compostela, Gibraltar, de Auschwitz, de Monsanto, do Taj Mahal e de Cadiz, a mais antiga cidade do ocidente.
Flávio Damm é verbete do DICIONÁRIO NUNGESSER DE FOTOGRAFIA, editado em Berlim, Alemanha.
Escreve coluna para a Revista PHOTO MAGAZINE e para o “site” http://www.photos.com.br/
Flávio Damm é titular do “Concurso Flávio Damm de Fotografia” pela Fundação Assis Chateaubriand”, Jornal “Correio Brasiliense”, Brasília, DF.
Rio, julho de 2008.

Um comentário:

Tai disse...

continuando a lista: impagável!