domingo, 20 de setembro de 2009

Walker Evans no MASP




"Fotógrafo da América Profunda", Walker Evans vai ter uma mostra em exibição no Masp, em SP, a partir de 1o. de outubro. Serão 120 imagens do norte-americano que viveu entre 1903 e 1975 e que é bastante conhecido pelo seu trabalho no interior dos EUA (o projeto F.S.A.) durante a depressão econômica dos anos 1930. Mas mais que isso, pelo seu olhar "objetivo" e "não sentimental", hoje Evans é uma das grandes referências para o que há de vínculo entre fotografia e arte contemporânea.

As fotos acima são de um trabalho que o fotógrafo produziu no interior dos metrôs de Nova York, com uma câmera escondida. Segundo Geoff Dyer, no livro O Instante Contínuo,

Em vista do impacto que Cega, de Strand, lhe causou, era inevitável que Evans tentasse um dia produzir algo equivalente - equivalente não só sentido de que Evans realmente fotografou um acordeonista cego em Nova York, mas também de que procurou utilizar o mesmo procedimento: fotografar pessoas sem que elas se dessem conta de sua presença.
Entre 1938 e 1941, Evans fez uma série de retratos de passageiros no metrô de Nova York. A essa altura, os inconvenientes de fazer instantâneos na rua tinham sido superados e era relativamente fácil fotografar, sem ser notado, à luz do dia. Nas condições de baixa luminosidade e de trepidação do metrô (onde era proibido fotografar semlicença da polícia), Evans enfrentou muitas dificuldades técnicas que se tornaram - ao menos em retrospecto - parte essencial do objetivo do projeto. Com uma câmera Contax de 35mm escondida sob o casaco (com o diafragma bem aberto, o obturador ajustado para 1/50 e as partes cromadas pintadas de preto), Evans (às vezes acompanhado pela jovem fotógrafa Helen Levitt - viajava no metrô e esperava até que, supunha, a pessoa diante dele estivesse corretamente enquadrada. Depois, utilizando um cavo disparador que corria pela manga do paletó, ele se firmava e batia a foto. Até revelar o filme, Evans não sabia com exatidão o que havia registrado. Em termos de composição correta, estava fotografando às cegas. Isso era parte da atração do projeto.
A idéia, disse Evans mais tarde, era imaginar que certas pessoas "tinham aparecido e, sem saber, se posicionado diante de uma câmera fixa e impessoal durante um determinado tempo, e que todas essas pessoas, enquadradas no visor, eram fotografadas sem a menor intervenção humana no momento em que o obturador era disparado". (...) "Eles baixam a guarda e deixam cair a máscara", observou ele, "mais ainda do que quando estão sozinhos no quarto (com um espelho), no metrô os rostos se acham expostos e indefesos".

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