domingo, 7 de junho de 2009

Ensaio (I) - Natália Tonda



Há (já!!!) cinco anos edito uma página no Jornal da UFRGS que chamamos de "Ensaio". Nada muito novo, uma página de fotografia em uma revista (é um jornal, mas é uma revista, por que é mensal, com reportagens sempre buscando aprofundamento de temas que, no geral, passam batidos ou apressados pela "grande imprensa"). Vou tentar apresentar aqui os ensaios que fizemos neste tempo, quase sempre procurando mostrar a diversidade do que se pode fazer com fotografia, de fotojornalismo-a-arte-a-fotojornalismo-a-arte seja lá quais forem as diferenças entre ambos.
O primeiro que mostro é da edição de abril/maio, da fotógrafa Natália Tonda, paulistana que está em Porto Alegre, fazendo o curso de Fotografia na Unisinos.
Para ficar completo, seria legal ver as fotos ouvindo King of the Dogs, do disco Preliminaires, do Iggy Pop. :)

Lomografias
Texto e fotos de Natália Tonda

Acostumei-me a encontrar beleza na desordem morando em São Paulo e convivendo com isso diariamente. Coisas para as quais olhamos e não vemos. Para alguns, fugir do caos e da desordem, é o grande desafio. Juntar os dois e transformar em expressão, pode ser quase inimaginável. É isso que procuro colocar em minhas imagens: o feio, o esquecido, o caótico, o desgasto. Através da lomografia, como mostram as imagens desta página, tenho encontrado resultados tão incertos quanto as imagens do dia-a-dia. Da imprecisão do clique até a hora em que o químico revela o positivo, a ansiedade em saber o resultado toma conta de todos os planos da imagem. O resultado é sempre surpreendente. Lomografia é um termo derivado de LOMO (Leningradskoye Optiko Mechanichesckoye Obyedinenie), câmeras não- convencionais, muita vezes chamadas de “câmeras de brinquedo”. Para mim, é como projetar a sensação de sonho em atividades simples do cotidiano. Transformar o caos em fotografias contrastadas e cheia de cor.
Na Lomo, seu apelido afetivo, a lente Minitar é capaz de gerar um brilho diferente na imagem. Por outro lado, o seu modo de exposição automática do filme, mesmo em difíceis condições de luz e sem a utilização do flash, torna mais fácil entender por que esse tipo de fotografia atrai um público cada vez mais amplo, que vai de quem tem prática com câmeras sofisticadas até quem nunca teve intenção em se dedicar à fotografia. A característica deste tipo de câmera é incentivar a busca de um olhar próprio e de instigar o desejo por imagens diferentes. E, claro, dar mais chance ao acaso, ao erro, ao incerto como forma de expressão.







4 comentários:

disse...

E o feio, o esquecido e o caótico se transformam num belo ensaio! Adorei, muito inspirador! Parabéns para a autora!

marenco | fotojornalista disse...

boa estas fotos hein Flávio!

Unknown disse...

Muuuitissimo obrigada pela divulgação Flavio! :D
adorei a "surpresa" hahaha

Bruno Alencastro disse...

Achei muito legal "a sacada" de aproveitar todo o negativo para algumas capturas... na minha opinião, são as imagens mais legais...

Belo trabalho Natália!