Fotos: Natália Tonda
Ontem aconteceu em São Paulo uma palestra com o fotógrafo britânico (qual a diferença entre inglês e britânico?) Martin Parr, famoso pela irreverência de suas imagens e pela documentação cheia de humor dos hábitos da classe média inglesa (ou britânica?).
De lá, recebi umas fotos e o relato da Natália Tonda, aluna em Projeto Experimental em Fotografia e em Fotojornalismo, na Unisinos. Vai abaixo:
Vou te contar um pouco do que aconteceu:
Foi bem bacana escutar o próprio maluco falando do trabalho irônico dele.
O pessoal do Garapa estava comandando o bate papo, com perguntas feitas por quem via a entrevista online, com o pessoal da platéia e com perguntas do próprio coletivo.
Antes das perguntas, Martin Parr começou se apresentando, com um slide de fotos e algumas palavras.
Comentou que quando se formou em fotografia não queria ser como todos que se formavam: começavam sendo ajudantes de fotógrafos para depois montar um próprio estúdio. O Martin queria ir além, queria fazer as próprias fotos, sem ter que fazer fotos para vender para os outros. Com isso foi atrás do que gostava de fotografar: comentou que gostava do uso do flash em ocasiões inoportunas, como quando se usa o flash na chuva/neve e a foto fica com manchas, ele adora essas manchas, então todas suas fotos de tempo carregam esse “efeito”. Quando descobriu essa linguagem resolveu fotografar o tempo ruim da Inglaterra. Daí fez o livro Bad Weather.
E assim saiu fotografando o próprio preconceito, como ele mesmo disse. Usa coisas que não gosta a seu favor. Bem britânico!
Ele explica que vêm daí seu estilo, suas fotos inoportunas e bizarras.
Falando sobre suas fotos, acabou comentando das fotos do The Last Resort: há pouco tempo recebeu um e-mail da criança que esta sentada junto de umas senhoras na praia. No e-mail, a criança dizia que fazia design e entendia toda a estética da foto. Martin aproveitou a deixa dizendo “é engraçado receber e-mail de um bebê”.
Falou também de que sempre se fotografam ou os pobres ou os ricos, mas ele resolveu fotografar a esquecida classe média, e como ele faz parte dela, disse que foi como fazer um auto retrato, então sabia de tudo que detestava e tudo do que gostava. E foi com isso que obteve ótimas imagens do livro The Cost of Living.
Comentou o quanto adora Las Vegas e como o EUA ajudaram ele em diversos trabalhos.
Mostrou e comentou um pouco de cada livro já publicado, e sempre com suas piadas britânicas.
Legal foi quando perguntaram se ele tinha problemas com direitos autorais por causa do uso de imagens dos seus personagens e ele respondeu dizendo que não, pois são imagens para um livro, uma exposição e não para revistas. Falou que sempre procura fotografar em lugares públicos para justamente não passar por esse tipo de problema. Porem na França, com novas leis rigorosas a respeito do uso de imagem, disse que tem dificuldade em fotografar e espera que essa lei não se espalhe pelo mundo.
Não consegui filmar porque a tradução era simultânea, por fone de ouvido, logo ficaria sem áudio. E também, a diretora do MIS estava do meu lado, já de cara feia para a minha câmera! Mas consegui algumas fotos, que estão aí! :)
P.S. (de Campo de Visão): a entrevista foi gravada e pode ser assistida na íntegra no link http://www.garapa.org/2009/05/martin-parr-na-integra/
6 comentários:
Legal! Gostaria de ter ido, mas valeu acompanhar o relato da Natália.
Os "garapa" disseram que vão disponibilizar o video da palestra no site deles.
Vale lembrar o comentario dele sobre a "ajuda" dos EUA foi beeeem irônico... algo tipo, graças a tanta cafonice tenho bastante coisa pra fotografar! ; )
Páaaara! Eles nem são tãaaaao bregas! Fora aquela mania de comer churrasco com açucar... ;)
adorei seu blog, suas fotos.. parabens.. to louca pra fazer o curso.. vou ver assim que tiver um tempinho e vou fazer.
É legal pensar que toda essa independência que o cara buscou para o seu trabalho - deixando de iniciar a carreira como ajudante de fotógrafo - foi condicionando uma carreira totalmente independente, inédita e, principalmente, autoral.
Pra pensar que nem sempre o caminho "mais fácil" ou "normal" é o melhor a ser seguido...
Ah, e parabéns para a correspodente internacional, diretamente do Brasil para o RS... hehehe... ok, fora de brincadeiras separatistas, foi um belo depoimento!
olha..a unica diferença que eu sei de britânico e inglês, é a de justificar a escrita, do inglês americano pro britânico.. de resto só o humor sarcástico mesmo hahaha
depois tem que dar uma olhada pra ver se o pessoal do Garapa disponibilizou, vale a pena ver o Parr falando :)
e o comentário do Bruno é o melhor hahaha
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