sábado, 25 de abril de 2009

Marc Riboud por aqui


Foto: Mateus Bruxel
Marc Riboud, em Porto Alegre, nestes dias. Disse coisas simples, mostrou imagens simples, fez a vida parecer simples. Falou que o fotógrafo, como o músico, tem que ter não "olho", mas "ouvido". Compreender o ritmo, a rima, as surpresas. Disse que não acredita no talento e sim no trabalho, na paciência, na cultura. Simples! Na saída, ele, a esposa e a tradutora que os acompanhava, tietamos e pedimos esta foto na rua da Praia, centrão de POA. Da esquerda para a direita, Bruno, Riboud, Flávio e Tarlis. Foi bacana :) !

terça-feira, 21 de abril de 2009

Álbum de viagem I



Buenos Aires é cidade feita para se estar na rua. Sempre que fui lá fiquei pensando no ovo e na galinha: os argentinos vão tanto pra rua por que a cidade é cheia de lugares para acolher quem sai ou, antes, a cidade é tão disponível por que os argentinos saem muito? Uma dúvida certamente insolúvel. E sem sentido. O bom de viajar é ter mais tempo para coisas sem sentido. Por exemplo: perceber que medias lunas são melhores que croissants.
















domingo, 12 de abril de 2009

O retrato, segundo Cristovão Tezza




(...) Mas ela disse sim - não minta para você mesma, esta é a regra de ouro - ela disse sim porque queria mesmo ser fotografada, não porque ele era atraente. Isso ela foi descobrindo depois. Aquele modo de o fotógrafo olhar para as pessoas quando vão fotografá-las: é uma coisa estranha e misteriosamente excitante, porque eles nao nos vêem - eles vêem um recorte, um jogo de claro e escuro, uma composição. Eles olham atentamente para você, olham nos olhos profundamente, como ninguém mais se atreve a olhar, exceto sob paixão; e no entanto trata-se apenas de uma investigação, é só isso o que eles fazem; eles querem saber qual o seu lugar naquele recorte do mundo que eles têm diante deles. E o quadro na parede ao fundo e o abajur próximo têm tanta importância quanto os seus olhos, ela lembrou, como lembraria milhares de outras vezes; é um olhar utilitário, ainda que o fim de tudo seja a beleza, não a nossa, mas a deles, a exatidão medida do talento. Mas ele me viu, ele me via, ela lembrou.



Do livro O Fotógrafo, de Cristóvão Tezza, p. 108/109.