domingo, 29 de agosto de 2010

Quem nunca levou que pegue o primeiro papel

Memorando de Robert Capa para Henri Cartier-Bresson, em 21 de abril de 1951.

"Os textos são absolutamente insuficientes. Numa matéria ilustrada você nunca pode escrever legendas dizendo 'Primeiro-Ministro' - 'Policial' - 'luxo extravagente do Clube'... O primeiro-ministro tem nome; o luxo extravagante do clube deve estar situado em algum lugar, os seus frequentadores podem ser descritos de algum modo... No geral, Henri precisa aprender que [existem] coisas que são importantes e coisas que são menos importantes."

Moral: xixi, quem nunca levou um?

E, pior, funcionou. Algum tempo depois, Bresson redigia legendas assim:

"Embora tenha espinhos por fora, tem um gosto tão doce e persistente que por muito tempo nos acaricia por dentro. É adorável, principalmente para nós, que sabemos apreciar o alho; outras pessoas infelizes fazem cara feia à nossa volta, nunca sei  se o que as incomoda é o cheiro ou ver alguém "virar nativo". O durião tem uma vantagem decisiva sobre o alho - de cujo gosto e cheiro tem todas as propriedades -: ele é sobretudo cremoso, onctuex, diríamos em francês, e uma mente tão pouco inclinada à análise descobriria camadas de gosto diferente, incluindo a do civet [guisado de coelho], com toda certeza (alguns preferem dizer que encontram nele um sabor alcoólico); como eu disse anteriormente sobre as mulheres, você precisa vir e descobrir por si mesmo."

Fonte: Henri Cartier-Bresson: o século moderno, p.14 e 15. Texto do curador de fotografia do MoMA Peter Galassi em pesquisa feita na Fundação Henri Cartier-Bresson, Paris. Edição CosacNaify, 2010.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Macanudo - Liniers